Deputada federal foi localizada em Roma após ordem de prisão definitiva do STF; extradição e cassação do mandato estão em análise
Roma, Itália – 29 de julho de 2025
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália, após ser localizada por autoridades locais. A prisão ocorre em cumprimento a ordem expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a execução imediata da pena de 10 anos em regime fechado por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A detenção foi confirmada pela Polícia Federal brasileira, que destacou a atuação conjunta com a Interpol e forças italianas. Em nota, a PF informou que “a brasileira foragida foi capturada e será submetida ao processo de extradição conforme os tratados bilaterais e legislação italiana”.

Condenação por crime cibernético e fuga para a Itália
Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF por articular, com o hacker Walter Delgatti Neto, a inserção de documentos falsos no sistema do CNJ. Além da pena de prisão, ela foi sentenciada à perda do mandato parlamentar, inelegibilidade por 8 anos e pagamento de R$ 2 milhões em danos morais e materiais.
A parlamentar deixou o Brasil em maio, inicialmente rumo aos EUA, e seguiu para a Itália, país onde possui dupla cidadania. Em 3 de junho, anunciou publicamente sua saída e, no dia seguinte, teve o nome incluído na lista vermelha da Interpol.
Processo de extradição e declaração de “intocável”
Apesar da nacionalidade italiana, o Tratado de Extradição Brasil-Itália, assinado em 1989, não impede a entrega de nacionais, deixando a decisão a critério do governo italiano. Em entrevista anterior à CNN Brasil, Zambelli declarou:
“Como cidadã italiana, sou intocável na Itália.”
A declaração gerou reação imediata. O deputado italiano Angelo Bonelli, após ouvir a fala, informou o paradeiro de Zambelli às autoridades locais, o que culminou na prisão. Bonelli afirmou:
“Não é possível que uma pessoa fale assim. Informei à polícia e eles a identificaram.”
PL afirma que Zambelli se apresentou espontaneamente
Em contraponto, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), alegou que a parlamentar teria se apresentado voluntariamente à polícia italiana para dar início ao pedido de asilo político e tentar impedir a extradição:
“Ela se apresentou espontaneamente às autoridades policiais e agora aguarda os trâmites da justiça italiana.”
Disputa entre STF e Câmara sobre cassação do mandato
Zambelli também enfrenta processo de cassação do mandato parlamentar. Embora o STF tenha determinado a perda automática, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recuou de decisão anterior e anunciou que o caso será submetido ao Plenário da Casa, onde são necessários 257 votos favoráveis para a cassação.
Atualmente licenciada, Zambelli teve os salários suspensos, redes sociais bloqueadas, passaporte invalidado e só devolveu o apartamento funcional da Câmara após pressão pública.
Caso permaneça ausente por mais de 120 dias, a Mesa Diretora será obrigada a declarar a perda do mandato, conforme previsto no artigo 55 da Constituição Federal.
O que acontece agora
A Justiça italiana deve decidir em até 48 horas se mantém Zambelli presa, se concederá prisão domiciliar ou se a libertará. O processo de extradição poderá levar semanas, dependendo de decisões judiciais e possíveis recursos por parte da defesa da parlamentar.
O caso reacende o debate sobre imunidade parlamentar, abuso de prerrogativas e limites da atuação política, envolvendo diretamente a relação entre os poderes Legislativo e Judiciário no Brasil.
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