Contexto histórico
A Revolução Constitucionalista de 1932 teve origem na instabilidade gerada pela Revolução de 1930, que derrubou o presidente Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes, elevando Getúlio Vargas ao poder sem a vigência de uma nova Constituição. Vargas dissolveu o Congresso, nomeou interventores em todos os estados e centralizou o poder no Executivo, reduzindo drasticamente a autonomia estadual e frustrando as elites paulistas, acostumadas a influenciar diretamente as decisões federais.
Causas e motivações
- Suspensão da Constituição de 1891 e governo por decretos, sem Assembleia Constituinte.
- Nomeação de interventores “forasteiros” e militares em São Paulo, em detrimento de civis e paulistas.
- Desejo de retomar a “política do café com leite” e assegurar eleições presidenciais.
- Morte dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo em 23 de maio de 1932, símbolo de repressão a uma manifestação popular.
A Frente Única Paulista (FUP) surgiu como plataforma que aglutinou partidos, empresários, profissionais liberais e estudantes, exigindo a convocação imediata de uma Assembleia Constituinte e a nomeação de um interventor civil paulista.
Principais acontecimentos
Data | Evento |
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4 out. 1930 | Vargas assume o Governo Provisório após a Revolução de 1930. |
23 mai. 1932 | Quatro estudantes são mortos em confronto; nasce a sigla MMDC. |
9 jul. 1932 | Deflagração oficial do movimento armado em São Paulo. |
Jul–set. 1932 | Batalhas intensas no Vale do Paraíba, na Mantiqueira (Cruzeiro) e fronteiras com MG/PR. |
2 out. 1932 | Rendição do Exército Constitucionalista em Cruzeiro; fim dos combates. |
As tropas paulistas reuniram cerca de 35 000 combatentes e mobilizaram a sociedade em doações de ouro, joias e transformação de indústrias em fábricas bélicas. Apesar da resistência e do apoio popular, o isolamento político – sem o prometido apoio de Minas Gerais e Rio Grande do Sul – e o superior poderio militar federal levaram à rendição após quase três meses de combates.

Consequências políticas e sociais
- Convocação da Assembleia Nacional Constituinte em 1933 e promulgação da Constituição de 1934, atendendo em parte às reivindicações paulista.
- Eleição de Armando de Sales Oliveira, civil e paulista, como governador em 1933.
- Fortalecimento do papel das Forças Armadas e reforma no comando do Exército, com expurgos de oficiais contrários a Vargas.
- Legado de civismo em São Paulo, que passou a ver o movimento como marco de defesa da legalidade e dos direitos democráticos.
Comemoração e legado
Em 5 de março de 1997, a Lei estadual nº 9.497 oficializou o dia 9 de julho como feriado em São Paulo. Todo ano, um desfile cívico-militar rememora o conflito, com cerimônias no Obelisco do Ibirapuera, monumento-mausoléu que guarda os restos mortais dos mártires MMDC e outros combatentes. Cruzeiro (SP), palco da rendição paulista e de sangrentos combates no Túnel da Mantiqueira, é reconhecida como “Capital Estadual da Revolução” desde 2008, mantendo viva a memória desse capítulo da história nacional.